quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Sobre os Escritores e Seus Textos

Maria jogou-se na cama e começou a chorar a raiva e a frustração que sentia, ainda segurando a carta nas mãos. Há alguns meses tivera uma linda ideia para um livro. Corajosa - pois é necessário coragem para embarcar nessa jornada - dedicou-se com afinco ao seu livro. Persistente - pois é preciso muita persistência para concluir o projeto - finalmente terminou a história. Cheia de entusiasmo e sonhos, com a alma leve, começou a enviar o texto para todas as editoras possíveis e imagináveis. Em seus devaneios, via-se em noites de autógrafos cheias de gente ávida para conhecê-la, com longas filas se formando em frente à mesa onde, ela - a escritora de sucesso - autografaria os exemplares com muitos sorrisos e simpatia. Todos os dias verificava a correspondência, esperando cheia de ansiedade pela resposta de sua primeira editora. E todos os dias sentia o entusiasmo diminuir, as esperanças murcharem um pouco. Nada. Nem uma carta dizendo "recebemos seu original e iremos analisá-lo". Sem saber direito o que fazer, apelou para a internet. Abriu um blog com o título do livro e nele começou a postar seus textos. Os amigos e conhecidos a incentivavam e lhe diziam que a história era ótima, que ela escrevia muito bem, que tinha tudo para ser uma campeã de vendas. Recados deixados após as postagens elogiavam sua forma magnífica de escrever, diziam que se ela publicasse comprariam o livro e mais uma infinidade de coisas que adoçavam seu coração e seu ego. Enquanto isso, o tempo passava e nada de carta das editoras. Um belo dia Maria encontrou, entre os comentários do blog, o recado de Joana, que se apresentou a ela como avaliadora de textos, deixando um endereço de contato. Maria entrou em contato, enviou seu texto para análise e foi justamente a resposta de Joana que a fizera jogar-se na cama e chorar com amargura.
  Seu texto - dizia a carta - carece de coerência e os personagens carecem de profundidade. Há muitos erros e repetições de palavras, as situações estão mal explicadas e a história deixa muitas pontas soltas. As frases estão mal colocadas e os diálogos se apresentam de forma incoerente com o perfil dos personagens. A ideia, porém, é boa e eu lhe aconselho a reler o texto e a reescrevê-lo tendo em conta as observações feitas acima.

Atenciosamente,
Joana.

No primeiro momento, Maria quis morrer de catapora. No segundo, quis matar Joana enforcada. Aquela mulher sem rosto, a quem apenas conhecia pelas palavras, havia acabado de sepultar seu texto, seus sonhos e sua brilhante carreira de escritora mundialmente conhecida. E Maria nunca mais escreveu uma linha...

Joana foi cruel ou foi verdadeira? Ela estava com razão nas observações feitas ou havia escolhido Maria para cristo e a crucificado sem razão? Maria jamais soube, pois a desilusão foi maior do que sua vontade de escrever e ela largou os sonhos pelo caminho.

Analisando as duas personagens deste pequeno trecho, tenho certeza absoluta que as opiniões vão se dividir. Muitos acharão Maria uma boba sonhadora e muitos outros, Joana uma megera sem alma. E ambos estarão certos e ambos estarão errados.
Todo escritor é um sonhador ou não seria escritor, aquele ser que dá voz e forma aos sonhos de sua imaginação. Por outro lado, um avaliador de textos existe para fazer exatamente aquilo que o nome diz: avaliar textos e apontar as falhas, os pontos fracos e as incongruências de um texto.
Maria foi vitima de suas expectativas, Joana de sua falta de tato. Maria reagiu de forma extrema, abandonando o que poderia ser uma carreira de muito sucesso por incorrer em um erro muito comum: confundiu-se com sua obra e levou para o lado pessoal a impessoal análise de Joana. Já esta última, por sua vez, limitou-se a expressar de forma resumida seu parecer, sem indicar à Maria quais ferramentas usar para reconstruir o texto e os sonhos. Não lhe ofereceu exemplos, não lhe ofereceu suporte.

Começar uma carreira na área literária requer paciência e humildade suficiente para reconhecer as próprias limitações. Todos os escritores, principalmente os mais consagrados, passaram pelo mesmo processo que Maria e tiveram seus textos modificados, reestruturados, remendados. Receberam críticas atrozes, foram subestimados, descartados e pensaram em desistir. Faz parte da profissão saber lidar com isso e saber até que ponto aquilo que lhe é dito corresponde à realidade. Saber admitir que precisa melhorar e que pode melhorar, querer de tal forma concretizar os sonhos que aceita os desafios que aparecem e os supera, sempre investindo, sempre buscando. Ninguém nasce sabendo tudo. As pessoas nascem com talentos potenciais. Lapidá-los, aprimorá-los e torná-los o melhor possível é da responsabilidade de cada um.
O texto de Maria era realmente ruim? Seus personagens eram insubstanciais e sua escrita cheia de erros? Nós jamais saberemos porque ela ficou pelo caminho. Ela desistiu.
Não desista! Invista em seu sonho, em seu livro, em sua imaginação criativa. Há bilhões de pessoas neste mundo e muitas delas podem estar, neste exato momento, esperando pelo texto que você vai escrever. Quer ajuda? Estou aqui para isso. Não posso garantir editora ou venda, mas posso ajudá-lo a chegar ao seu melhor, a produzir melhores textos, indicar-lhe caminhos, livros, filmes, exercícios criativos e muitas outras ferramentas que irão dar-lhe suporte para melhorar a qualidade de suas obras.

Boa sorte!



2 comentários:

  1. Ola querida, vou ser uma de suas clientes sim, rumo em busca do meu objetivo ;)


    bjinhos

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  2. Olá, sou outra interessada em sua ajuda! E não pretendo desistir do meu sonho.
    Bjo

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